terça-feira, 29 de setembro de 2015


Vagas ociosas desafiam cinco universidades federais em Minas

Com a saída de alunos para outras instituições, universidades públicas ficam com postos vazios, mesmo em cursos disputados. Na UFV, cadeiras inativas em medicina chegam a 25%

 Márcia Maria Cruz /Estado de Minas
Em meio à crise financeira ocasionada por cortes e contingenciamento de verbas, as universidades públicas têm outro problema para administrar. As vagas ociosas indicam uso aquém da infraestrutura dos cursos. Apesar de parecer um contrassenso quando se olha o número de candidatos por vaga nos processos seletivos, no meio dos semestres, as carteiras das salas de aulas têm perdido ocupantes. Há vagas em aberto até em cursos como medicina. Além de desistências eventuais, algumas mudanças tornam a evasão uma realidade com a qual as universidades precisam lidar.

As causas vão desde o aumento na mobilidade dos estudantes – tanto internamente quanto entre universidades –, devido à implementação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), passam pelo desinteresse dos estudantes nas áreas escolhidas e vão até a abertura de cursos pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) sem um estudo adequado das demandas. O Estado de Minas identificou ociosidade de vagas Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Universidade Federal de Itajubá e na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Desde que o curso de medicina foi implantado na UFV, em 2010, a média é de 25% de vagas ociosas a cada turma, que tem entrada anual. Na avaliação do pró-reitor de Ensino, Frederico Passos, essa é uma realidade que as instituições do interior tem lidado desde quando a UFMG passou a usar o Sisu como porta de entrada dos estudantes. Na UFV são ofertadas 50 vagas no início do ano. “Não é uma questão só de Viçosa, as universidades federais de Minas lidam com essa questão. A mobilidade não tem uma causa única. É difícil avaliar esse impacto, pois ainda temos pouco tempo de Sisu.” A UFJF enfrenta o mesmo problema com a turma de 2015 de medicina. Entraram 90 estudantes, mas 15 mudaram de instituição, o que fará com que haja a necessidade de abertura de edital para o preenchimento dessas vagas.

Natural de Itabuna, na Bahia, o estudante Jonathas Blohem Souza, de 20 anos, se mudou para Juiz de Fora para cursar medicina. E agora deixa a UFJF para iniciar o curso em Belo Horizonte, na UFMG. Para ele, o Sisu cria distorções que deveriam ser evitadas. “Muita gente quer fazer medicina. Quem tem a nota muito alta passa em várias. Alguém que merecia passar não consegue por causa de uma falha do sistema. O governo investe muito no curso de medicina e temos muitas vagas perdidas. Certamente na UFJF teremos carteiras vazias neste semestre”, diz.

O jovem foi aprovado em sete universidades: as federais de Minas, Amapá, Sergipe, Rondônia e Juiz de Fora. Também passou em uma faculdade particular, em Alfenas (Sul do estado), e na Universidade Estadual de Pernambuco. Como a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não foi suficiente para a primeira entrada na UFMG, Jonathas começou o curso em Juiz de Fora. “A estrutura de UFJF é muito boa. Aconselho todos a estudarem lá, mas a UFMG é uma das universidades mais importantes do país e da América Latina”, pondera. Depois de um semestre em Juiz de Fora, o jovem desembarcou esta semana com os pais em BH. “Milhares de pessoas dariam qualquer coisa para estar naquele lugar”, diz ele, se referindo à UFJF. “O sistema é muito errado e poderia ser melhorado com uma medida simples”, avalia. 

PROCESSO LENTO
 

O pró-reitor de Ensino da UFV ressalta que não é possível ocupar essas vagas rapidamente. Assim como ocorreu com Jonathas, muitos estudantes optam pelo curso de medicina na primeira entrada nas universidades do interior. Como a UFMG oferece duas entradas, muitos preferem trocar. Como é possível usar a mesma nota do Enem do ano anterior, eles tentam vaga no segundo semestre. “Isso poderia ser resolvido se as inscrições da primeira e segunda entrada fossem anunciadas no início do ano. Já foi feito dessa forma”, avalia Frederico Passos. 

Metas do Reuni influenciam
 

A abertura e ampliação de cursos em decorrência do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) sem um estudo prévio da demanda também é um dos fatores que levam à ociosidade de vagas. O pró-reitor adjunto de Graduação da Universidade Federal de Itajubá, Thiago Clé de Oliveira, chama atenção para o fato de as universidades terem aberto os cursos a partir de um processo de indução do Ministério de Educação (MEC). “Tínhamos a obrigação de cumprir algumas metas do Reuni. Foram novos cursos, prédios, laboratórios. Pediram para ampliar, agora vem essa crise e não temos recurso”, queixou-se. O contrassenso é que a estrutura aumentou, os recursos estão escassos e, em alguns casos, sobram vagas.
Na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), 10% do total de vagas estão ociosas em decorrência do Reuni. “Estamos tentando reduzir a quantidade vagas ociosas. Com o Reuni, a universidade dobrou de tamanho”, afirma o pró-reitor de Graduação, Marcílio Sousa da Rocha Freitas. O sistema de entrada na universidade, por meio de três áreas do conhecimento, também contribui para a maior mobilidade de estudantes. Os cursos de graduação se estruturam nas áreas de ciências exatas e tecnológicas, ciências humanas e sociais aplicadas e ciências da vida. Os alunos relatam que é comum os estudantes entrarem em um curso com nota de corte menor e depois tentarem transferência para cursos mais concorridos. A reportagem conversou com estudantes na Ufop que usaram essa estratégia para mudar do curso de turismo para direito, e de engenharia de produção para arquitetura. Eles pediram para não serem identificados.
REGRAS ALTERADAS Como os cursos estão na mesma área, os estudantes entram no turismo e depois pedem transferência para o direito. Para evitar essa mudança, que causava ociosidade em alguns cursos, as regras para a transferência foram alteradas na Ufop. Antes as vagas eram prioritariamente ofertadas internamente e depois abria-se a concorrência para a comunidade externa. A partir desse semestre, cada curso poderá estabelecer as regras de como essas cadeiras serão compostas e o percentual destinado para alunos internos ou para pessoas externas à universidade. Será um edital único. “O aluno percebe que não é o curso que quer e, com o Sisu, tem possibilidade de mudar de curso e faculdade. O lado positivo é que pode corrigir escolha que possa ter feito errado. Se ele percebe que não é a escolha adequada, ele muda.”
Na UFMG, os números da mobilidade com a implementação do Sisu são bastante expressivos. No primeiro semestre de 2011, quando o Enem substituía a primeira etapa das provas, apenas 0,4% dos estudantes mudaram de curso ou de instituição. O índice passou para 12,15% em 2014. Metade das trocas de cursos ocorreu dentro da própria instituição, e a outra metade para escolas federais do interior ou de outro estado. A universidade também passou a receber um número maior de alunos. Cerca de 25% que ingressaram na universidade de 2014 já estavam matriculados em cursos superiores – dentro da própria UFMG ou oriundos de outras faculdades. (MMC)

UFMG: ALUNOS TEMEM ATRASO Alunos da UFMG temem que o início do segundo semestre letivo seja adiado devido à greve dos servidores ténico-administrativos. Embora ainda não haja nenhum posicionamento oficial da Reitoria, a instituição admite que, se a paralisação continuar, pode haver alteração no calendário acadêmico. Em greve há 45 dias, os funcionários que atuam nas secretarias e outros setores também auxiliam no processo de matrícula. O cadastro dos veteranos, que deveria ser feito até o dia 18, e dos calouros foi adiado por tempo indeterminado. O Sindicato dos Trabalhadores de Instituições Federais (Sindifes) tem reunião marcada com representantes do Ministério do Planejamento no dia 21.

LINK:http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2015/07/16/internas_educacao,668953/vagas-ociosas-desafiam-federais.shtml

segunda-feira, 21 de setembro de 2015


Graduação fora do país oferece currículo mais flexível



Nos últimos dez anos, o número de brasileiros em universidades norte-americanas aumentou 70%. E, entre os 13 mil estudantes do Brasil que estavam lá em 2014, 40% viajaram para cursar graduação.
Os dados são do Institute of International Education, entidade norte-americana que monitora a mudança de perfil do aluno estrangeiro.
"Hoje, nos EUA, 50% dos alunos internacionais estão na graduação. Há cinco anos, mais de 60% eram da pós", diz Allan Goodman, presidente do instituto americano.
Para os universitários, uma das vantagens de estudar nos EUA está na flexibilidade da grade curricular. Um dos modelos, por exemplo, é o de "liberal arts", em que o aluno não precisa escolher sua especialização até o quarto ano.


Dicas para ajudar na graduação no exterior





Alex Santos, 17, conciliou o interesse por computação e música num curso de "liberal arts" no Amherst College, Massachusetts. "Faço ciência da computação, matemática, alemão e música", conta.
No Brasil, Santos fez o ensino médio numa escola federal em Natal (RN). Ele foi aceito em Amherst com bolsa integral após participar de um programa do Education USA, do governo americano.
Além de orientar estudantes nas inscrições, ou "applications", para as instituições americanas, o Education USA seleciona 20 alunos de baixa renda por ano que têm os custos de provas e documentação totalmente cobertos. Sem esse apoio, o gasto da candidatura a uma vaga universitária atinge cerca de R$ 2.000.
Na Fundação Estudar há um programa parecido, com 50 alunos por ano. Além da orientação gratuita, há programas pagos, com workshop (R$ 225) ou curso de 30 horas sobre o processo (R$ 600).
Há ainda quem busque serviços totalmente pagos e individualizados para auxiliar no processo, como Bruno Ely, 21, que estuda engenharia na Universidade de Minnesota.
"Como minha vida estava bem bagunçada, não teria conseguido terminar minhas aplicações sem isso", diz Ely. Ele contratou uma mentoria no STB (Student Travel Bureau). Por até R$ 12 mil, o aluno é acompanhado nas etapas da "application".
"Indicamos livros para ler, ensinamos a montar o 'essay' [texto em que o aluno narra experiências]. Escolhemos de dez a 12 universidades para que eles se inscrevam", diz Christina Bicalho, diretora do STB.
AUXÍLIO FINANCEIRO
Nos EUA, onde a graduação é paga, há possibilidade de concorrer a bolsas de estudo. É assim que Débora Queiroz, 18, cursa gestão de negócios na Universidade de Babson, em Massachusetts. "Na inscrição, você apresenta documentos financeiros, e a universidade avalia quanto você pode ter de bolsa", diz.
Andressa Souza, 19, chegou a entrar em engenharia na USP, mas hoje trabalha no campus da Universidade de Smith para bancar seu curso nos EUA. "Você aprende a valorizar o lugar onde está."
A média da anuidade de uma universidade americana é de US$ 31 mil (R$ 122 mil). Nas instituições de elite, como Harvard, o valor dobra.
Já na França e na Alemanha, por exemplo, quase todas as faculdades são públicas e gratuitas. Os custos se resumem a uma taxa anual.
Para João Pedro Prado, 20, que cursa cinema e filosofia na Universidade Livre de Berlim, a gratuidade pesou na escolha. "As universidades são mais acessíveis que as americanas", diz Prado.
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MALA PRONTA
Serviços de orientação para graduação no exterior
FUNDAÇÃO ESTUDAR
Preparação para os EUA, em grupo de cerca de 50 alunos por ano; consultoria e auxílio financeiro para inscrição, se necessário
QUANTO grátis
EDUCATION USA
Orientação para graduação nos EUA. Cerca de 20 alunos de baixa renda são escolhidos por ano em programa de auxílio financeiro
QUANTO orientação básica gratuita (há pacotes pagos)
STB
Orientação de 12 a 30 meses, com acompanhamento individual. O valor do serviço não inclui taxas de exames e documentação
QUANTO de R$ 7 mil a R$ 12 mil
CI
Acompanha o processo de entrada na graduação em instituições específicas na Suíça, na Espanha, na Alemanha e no Canadá
QUANTO sob consulta
CAMPUS FRANCE
Agência oficial do governo francês para a promoção do ensino superior. O Campus France Brasil dá orientações sobre o processo
QUANTO grátis
GUIDED
Orienta os alunos no ingresso em instituições dos Estados Unidos. Trabalha com escolas e atende grupos de estudantes com palestras
QUANTO sob consulta
DAAD BRASIL
O serviço alemão é responsável por orientar estudantes no Brasil e fazer convênios entre universidades. No Goethe-Institut São Paulo (r. Lisboa, 974, Pinheiros), há um centro de atendimento aos estudantes
QUANTO gratuito 


820 profissionais já desistiram do programa Mais Médicos

Quase 90% dos desistentes são médicos que já tinham registro profissional no Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, existiam 17.790 médicos ativos no programa no começo de agosto. Ou seja, para cada desistente, 21,7 médicos estavam trabalhando. Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
Quase 90% dos desistentes são médicos que já tinham registro profissional no Brasil. É o caso de quem se forma no país ou consegue revalidar o diploma obtido no exterior. Segundo informações do Extra, os desligamentos ocorrem em todos os estados e na maioria das capitais, mas se concentram no Nordeste e nas cidades pequenas.
Segundo o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Hêider Aurélio Pinto, o médico não precisa informar o motivo na hora de solicitar o desligamento. Assim, as saídas a pedido, sem maiores detalhes, responderam por mais da metade das desistências: 470.
Além disso, há um número significativo de profissionais que foram aprovados em residência médica e, por isso, não podem mais participar do programa: 181. Ausência injustificada é o terceiro motivo mais comum, com 56 afastamentos, todos de cubanos, o que indica que desertaram da missão oficial de seu país. Completam a lista: motivos pessoais (46 casos), mudança de cidade (22), aprovação em concurso público (16), motivos de saúde (12), dificuldade de deslocamento ao local de trabalho (9) e incompatibilidade de carga horária (8).
SÓ 17 DE 1.140 INSCRITOS É APROVADO NO EXAME REVALIDAÇÃO DE DIPLOMAS EXTRANGEIROS PARA MEDICINA NA UFMT 

3 cacerenses aprovados na prova de revalidação de Medicina;um deles 1º lugar

Data:17/09/2015 - Hora:16h38

UFMT:3 cacerenses aprovados na prova de revalidação de Medicina;um deles 1º lugar
arquivo pessoal
Cáceres faz bonito: dos 17 aprovados, três são daqui
Além do  jovem Raphael Pozzobom Ferrarezi, de Cáceres, que foi aprovado na primeira fase (prova escrita) no processo de revalidação de diploma médico expedido no exterior , realizado pela UFMT, seleção 2015, mais dois cacerenses foram aprovados. Um deles, Ricardo Stefano Penha, de 25 anos, que cursou Medicina na UCEBOL, ficou classificado em primeiro lugar entre os 17 aprovados. Ricardo fez o segundo grau no Colégio Imaculada Conceição, o CIC. É casado com Pamala Yung, também médica, que continua se preparando para a prova de revalidação, que é difícil e concorrida. Após a segunda prova, que todos os três tem fé em conseguir aprovação, Ricardo pretende se especializar em urologia.
Raphael estudou na Universidade Católica Boliviana "San Pablo, em Santa Cruz de la Sierra e terminou o curso de Medicina em 2014.Ele foi o 17º classificado no exame de revalidação.
Raphael, que é filho do engenheiro agrônomo Natanael Ferrarezi(fiscal federal agropecuário
chefe da Uvagro em Cáceres), e de Fátima Aparecida P. Ferrarezi, fez o segundo grau no ISM - Colégio do Freis.
O Diário de Cáceres tentou falar  com a mãe do primeiro colocado, Ricardo, Sonia  Maria Stefano, agente de viagens (Sonretur), mas ela estava atendendo clientes, e afirmou que se sente orgulhosa e realizada. O terceiro cacerense é  Kleyton Cesar Silva de Almeida,  que também fez Ucebol,e ficou na 11ª colocação.
Na prova, foram 1.140 inscritos e somente 17 passaram , ou seja 1,30%, que serão convocados para fazer a segunda fase (prova prática) em novembro próximo.
Ricardo afirmou que essa foi uma etapa e que pretende continuar estudando muito para chegar ao seu objetivo.

fonte: Diário de Cáceres/Clarice Navarro

domingo, 20 de setembro de 2015

2 anos de Mais Médicos: ministro diz que Brasil trará estrangeiros até 2026

Estrangeiros começaram a atender nas cidades em setembro de 2013.
G1 visitou cidades onde faltavam médicos para verificar se situação mudou.

Mariana LenharoDo G1, em São Paulo*
Gelcilane agradeceu atenção do médico cubano durante o pré-natal da filha Laura Nascimento (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Gelcilane agradeceu atenção do médico cubano durante o pré-natal da filha Laura Nascimento, no município de Careiro Castanho, no Amazonas (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
Há dois anos, os primeiros estrangeiros bolsistas do Mais Médicos começaram a chegar aos municípios onde atuariam. O programa federal propunha aumentar o número de médicos atuando na rede de atenção básica do Sistema Único de Súde (SUS) em regiões carentes desses profissionais.
Mais Médicos - Selo 1  (Foto: G1)
Anunciado no dia 8 de julho de 2013, o programa previa inicialmente a criação de 10 mil novos postos de trabalho para médicos. Os primeiros estrangeiros recrutados pelo governo começaram a atender a partir de 23 de setembro e a lei do Mais Médicos foi promulgada em 22 de outubro daquele ano.
Hoje, há 18.240 médicos atuando no programa, sendo 11.429 cubanos contratados via convênio com a Organização Pan-americana da Saúde (Opas), 1.537 formados no exterior e 5.274 brasileiros.
Em entrevista ao G1, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, diz ter a expectativa de que o país deixe de depender de médicos estrangeiros em 2026, quando devem ter concluído a residência as primeiras turmas formadas em cursos já adaptados às mudanças estabelecidas pelo programa, que visam a priorizar a formação generalista para atuação na atenção básica.
 Mais Médicos - Selo3 (Foto: G1)
Dois anos depois do início do programa, há cidades no Brasil que passaram a ter, pela primeira vez, um médico do SUS residindo e atendendo no local. Em outras regiões, a presença dos bolsistas não proporcionou uma melhora perceptível do atendimento, segundo a população. Mesmo em localidades em que os moradores comemoram a chegada dos médicos do programa, a falta de medicamentos e estrutura para exames continua comprometendo a qualidade do atendimento.
G1 revisitou cidades em todas as cinco regiões do Brasil que, em 2013, apresentavam problemas devido à falta de médicos e questionou a população e os profissionais do Mais Médicos sobre como o programa impactou a saúde dos moradores da região.
Programa chegou a 73% dos municípios
No início do programa, 700 municípios brasileiros não tinham nenhum médico na rede pública, segundo estimativa apresentada na época pela ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. O Ministério da Saúde não soube informar se continua havendo municípios sem médicos no país, apenas que os integrantes do programa chegaram a 4.058 municípios, 73% do total de cidades brasileiras. "Não obrigamos ninguém a aderir ao Mais Médicos, foi uma adesão voluntária", disse o ministro.
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Mais Médicos (Foto: Editoria de Arte/G1)
Antes carente de profissionais para a atenção básica, Cachoreiro de Itapemirim, no Espírito Santo, foi uma das cidades beneficiadas pelo programa. Hoje, o pastor Geilson Meireles, que vive no distrito de Pacotuba, não precisa andar grandes distâncias para levar a filha ao médico. "O médico está sempre aqui, em horário integral e isso nos dá um conforto, uma tranquilidade, em saber que a gente pode chegar a qualquer momento e ser atendido. Antes, tínhamos essa dificuldade."
Em Roraima, a Comunidade Indígena Malacacheta deixou de depender da capital, Boa Vista, para atendimentos médicos básicos com a vinda do cubano Ricardo Viota. "Ajudou muito. Nossa população vem crescendo e em Boa Vista não é diferente, onde os hospitais estão sempre lotados. Com o médico na comunidade, as doenças mais simples podem ser tratadas por aqui", disse o líder indígena Simeão Mecias.
Equipe médica da comunida indígena da Malacacheta (Foto: Valéria Oliveira/ G1)Equipe médica da comunida indígena da Malacacheta, em Roraima (Foto: Valéria Oliveira/ G1)
Municípios falhavam em fixar médicos
Um dos problemas relatados por municípios do interior dos estados era a falta de interesse dos médicos em viver na cidade e lá atender com exclusividade. Havia uma desistência dos médicos, que ficavam pouco tempo na cidade. A maioria tinha que voltar para a capital ou atender em outros municípios. Com o programa Mais Médicos, os profissionais passaram a residir na cidade", diz o prefeito de Careiro Castanho, no Amazonas, Hamilton Alves Villar.
Com o programa, a moradora de Careiro Castanho Gelcilane Nascimento Paiva, de 39 anos, pôde fazer seu pré-natal de gravidez de risco perto de casa. Se não fosse por isso, teria de ter enfrentado mensalmente mais de 40 km de rios e estradas para comparecer às consultas.
Sobre a dificuldade que os municípios tinham de fixar médicos antes do programa federal, o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, observa que o médico é um profissional que, como outro qualquer, tem seu interesse regulado pelo mercado. “Nesses locais onde o mercado não permite ao médico ter renda suficiente para sustentar sua família, defendemos que o estado brasileiro, através do governo, faça a mesma coisa que faz para promotores e juízes: uma carreira de estado.”
Osmayki Martin examina gestante em comunidade Olho D’Água em Cocal (Foto: Gilcilene Araújo/G1)Osmayki Martin examina gestante em comunidade Olho D’Água em Cocal, no Piauí (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
Muito crítico ao programa Mais Médicos, o CFM defende que a solução para atrair médicos para as regiões mais distantes do país seria criar um plano de carreira atrativo ao qual os médicos poderiam se candidatar por meio de concurso, em vez de trazer médicos estrangeiros ao país.
Para médicos, estrutura é maior problema
Um dos problemas relatados por médicos do programa federal ouvidos pelo G1 foi a falta de medicamentos e de estrutura para atender os pacientes de forma adequada. O casal de cubanos Osmayki Martin Junco e Arianna Mallea Garcia, que chegou ao Brasil em 2013 para trabalhar em Cocal, no Piauí, conta que até os exames mais simples precisam ser feitos na cidade mais próxima, que fica a 64 km.
Mais Médicos (Foto: G1)
O médico espanhol Rafael de Quinta Frutos, que chegou em 2013 à Baía da Traição, na Paraíba, vive uma situação parecida. Ele descreveu a infraestrutura do local onde atende como precária. "Na Espanha, eu só pegava na caneta para assinar, era tudo no computador. Não era necessário nem imprimir a receita, ela ficava registrada no cartão do ‘SUS’ de lá. Aqui não tem nem computador." Outra queixa foi a falta de remédios.
Segundo o ministro Arthur Chioro, o Mais Médicos também tem a meta de melhorar a infraestrutura da saúde básica. O plano é construir ou reformar 26 mil unidades básicas de saúde, das quais 11 mil já estão concluídas. Ao todo, o país tem 40 mil unidades desse tipo.
Ezequiel e Shiley com a filha Heloísa de 40 dias em um posto de saúde em Suzano (Foto: Douglas Pires / G1)Ezequiel e Shiley com a filha Heloísa de 40 dias em um posto de saúde em Suzano, interior de São Paulo (Foto: Douglas Pires / G1)
A falta de estrutura de saúde no interior do país é um dos principais pontos criticados pelo CFM em relação ao Mais Médicos. "Não adianta querer interiorizar o médico, tem que interiorizar o sistema de saúde do qual o médico é apenas um componente. É preciso ter médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, laboratório básico e uma estrutura mínima de atendimento de forma que possam ter resolutividade", diz Mauro Ribeiro.
População aprova, mas continua esperando por consultas
Nas cidades visitadas pelo G1, os pacientes atendidos pelos profissionais do Mais Médicos contaram estarem satisfeitos com a atenção recebida: eles citam um atendimento mais humanizado e mais cuidadoso do que aquele com que estavam acostumados. Porém, em muitas regiões, grande parte da população nunca teve a experiência de se consultar com um desses médicos e continua esperando muito tempo para conseguir uma consulta.
É a situação observada na periferia de Suzano, no interior de São Paulo, que desde 2013 tinha problemas com a falta de médicos. "Eu não sinto diferença nenhuma nestes últimos dois anos, com a implantação do Mais Médicos. (...) Eles [o posto] abrem a agenda para marcar consultas apenas uma vez por mês, isso quando abrem. Não podemos esperar tanto tempo para receber atendimento assim", diz o aposentado Francisco Lucas.
Ana Silva, 48, diz que precisou percorrer três unidades para tratar dengue, em Goiânia (Foto: Fernanda Borges/G1)Ana Silva, de 48 anos, diz que precisou percorrer três unidades para tratar dengue, em Goiânia (Foto: Fernanda Borges/G1)
Em Goiânia, que enfrentava uma crise no atendimento básico no final de 2012, um clínico geral que não é do Mais Médicos e que atua em uma UBS da cidade disse que a chegada do programa "deu um fôlego" na atenção básica, já que os profissionais do programa ficam mais tempo nos postos. Mas isso não foi suficiente para eliminar as longas esperas dos pacientes.
A pensionista Almezina Santos Cabral, de 70 anos, está entre os pacientes que fazem uma peregrinação para conseguir atendimento. Com sintomas de depressão e precisando de uma cirurgia de hérnia, ela conta que estava há mais de um mês em busca de uma consulta com um clínico geral.
Outra cidade em que faltavam médicos antes do início do programa é Porto Velho, em Rondônia. Lá, o impacto do Mais Médicos não foi sentido por todos: o casal Max Ferreira e Alana de Souza, por exemplo, nem sabia sobre a existência do programa federal. Insatisfeitos com o SUS, resolveram migrar para o atendimento particular recentemente. A aposentada Arlete Viturini conta que continua esperando até 40 dias para conseguir ser atendida por um médico.
Mais Médicos determina mudanças em educação
Apesar de a importação de médicos estrangeiros ter sido o aspecto mais debatido na época do anúncio do programa (as entidades médicas brasileiras contestam o fato de os estrangeiros não terem de revalidar o diploma no país e criticam o regime de trabalho diferenciado dos profissionais cubanos), o Mais Médicos também determinou várias mudanças na educação médica no Brasil.
Médico Aníbal Borin se formou em Cuba e trabalha no bairro Nacional, em Porto Velho, desde o início do programa na capital de RO (Foto: Mary Porfiro/G1)Médico Aníbal Borin se formou em Cuba e trabalha no bairro Nacional, em Porto Velho, desde o início do programa na capital de RO (Foto: Mary Porfiro/G1)
Além de propor o aumento de vagas de graduação em medicina e de residência médica, o programa determina a mudança do perfil dos cursos, que devem passar a priorizar a formação de médicos generalistas, voltados para a atenção básica em saúde, segundo Vinicius Ximenes Muricy da Rocha, médico sanitarista e diretor de Desenvovlimento da Educação em Saúde do Ministério da Educação (MEC). Ele observa que as mudanças têm o objetivo de que "todo médico brasileiro, independentemente de ser um superespecialista, tenha uma forte base de medicina geral".
Mais Médicos - Selo 4 (Foto: G1)
Desde o início do programa, foram criadas 5.306 novas vagas de graduação em medicina, tanto em cursos privados e públicos já existentes quanto em 20 novos cursos em universidades federais que foram autorizados nesse período e já estão em funcionamento. Outros três cursos federais já foram autorizados, mas ainda não iniciaram as aulas.
Além disso, 36 municípios já foram selecionados para receber novos cursos privados de medicina. A previsão é que eles possam abrir vagas já em 2016. Outros 22 municípios pré-selecionados ainda passam por avaliação para verificar se têm estrutura adequada para receber os cursos.
As instituições devem oferecer 10% das vagas para alunos de baixa renda, que terão bolsa integral. Somado a outros programas do governo como o Prouni e o Fies, o benefício deve garantir que uma grande parcela dos estudantes venham de famílias mais pobres, segundo Rocha. Existe uma meta de que, até 2017, o programa tenha criado um total de 11,5 mil vagas de graduação.
Residência em saúde da família gera polêmica
Outra mudança determinada pelo programa foi tornar obrigatória para quase todos os formandos a residência em Medicina Geral de Família e Comunidade, cuja duração pode variar de um a dois anos dependendo da especialidade que será buscada pelo profissional posteriormente. A medida deve ser implementada em 2018, quando o programa espera ter criado 12,4 mil novas vagas de residência no país, e foi recebida com críticas pelo CFM.
Marileidys e Alberto atendem juntos em unidade de saúde de Cachoeiro de Itapemirim (Foto: Viviane Machado/ G1)Marileidys e Alberto atendem juntos em unidade de saúde de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo (Foto: Viviane Machado/ G1)
O conselho avalia, segundo Mauro Ribeiro, que a medida tem o interesse de colocar o médico recém-formado na assistência e não priorizar o processo de ensino de qualidade.
Já o médico Roberto de Queiroz Padilha, superintendente de Ensino do Hospital Sírio-Libanês, avalia que a mudança tende a ter resultados positivos. “A mudança de cenário, sair dos muros da escola para trabalhar com a realidade e, a partir dela, construir as competências que o médico deve ter para atender as necessidades da população, é uma mudança fundamental para a formação médica no Brasil.”
Estrangeiros até 2026
Chioro enfatiza que o principal objetivo do programa, a longo prazo, é que o país seja autossuficiente em profissionais com perfil voltado para atendimento em atenção básica. “Como demoram 6 anos para formar e mais 2 anos na residência, não podemos pensar que isso vá ocorrer antes da segunda metade de 2026”, disse o ministro, levando em conta que a obrigatoriedade da residência em Medicina Geral de Família e Comunidade passará a valer a partir de 2018.
Mesmo com o cenário de crise econômica, Chioro afirma que o programa não deve ser afetado. “A presidente diz o tempo inteiro a mim que não mexerá no programa Mais Médicos”, diz o ministro. “O programa mudou a história da atenção básica no Brasil. Pela primeira vez, atenção básica passou a ser ofertada em todo o país.”
* Colaboraram: Adneison Severiano (G1 AM), Douglas Pires (G1 Mogi das Cruzes e Suzano), Fernanda Borges (G1 GO), Fernanda Zauli (G1 RN), Gilcilene Araújo (G1 PI), Henrique Mendes (G1 BA), Krystine Carneiro (G1 PB), Mary Porfiro (G1 RO), Valéria Oliveira (G1 RR), Viviane Machado (G1 ES) e G1 RS

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

PROCESSO DE REVALIDAÇÃO DE DIPLOMA DE MÉDICO GRADUADO NO EXTERIOR 2015 

Foi divulgado pela GEC/SARI, os cadernos e gabaritos da Prova de Revalidação de Diploma de Médico realizada no dia 16 de agosto de 2015:

CADERNOS DE PROVA

GABARITOS 

FONTE:http://www.ufmt.br/ufmt/unidade/index.php/secao/visualizar/651/FCM


Revalida inscreve até próximo dia 21

A data provável para a aplicação da primeira etapa, uma avaliação escrita com duas 
provas, é 18 de outubro.
As inscrições para as provas do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos 
Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida) abrirão na 
terça-feira (8) e seguem até o próximo dia 21. O exame é feito por quem se formou 
em Medicina no exterior e quer exercer a profissão no Brasil. As informações são da 
Agência Brasil.
Na primeira fase, a taxa é de R$ 100. Quem for aprovado, pagará R$ 300 na segunda 
etapa. As inscrições são feitas na página do Revalida na internet.
A data provável para a aplicação da primeira etapa, uma avaliação escrita com duas 
provas, é 18 de outubro. A segunda etapa, de habilidades clínicas, deve ocorrer nos 
dias 28 e 29 de novembro.
O participante poderá escolher a cidade onde fará a primeira etapa. Já os locais da 
segunda etapa serão divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Fonte: Gazeta do Povo