sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Medicina celular chega com força às pesquisas ortopédicas
Estudos científicos comprovam resultados expressivos na aplicação de células-tronco adultas mesenquimais no tratamento de várias doenças como lúpus, AVC, Parkinson, infarto e disfunção do miocárdio, entre outros. Agora, a medicina celular chega com força total nas pesquisas ortopédicas e hoje, certamente, pode-se esperar um novo tipo de medicina neste século.
De acordo com ortopedista Daniel Ramallo, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, a terapia celular tem como principal objetivo o reparo, a melhoria e até mesmo a cura de doenças causadas por traumas ou por degenerações. “Tratamentos realizados a partir da própria célula do paciente já são realizados no Brasil e no resto do mundo no segmento de ortopedia. O objetivo deste procedimento, através da aplicação destas células é acelerar o processo de regeneração da área lesionada. A terapia atua evitando a história natural da lesão degenerativa articular”, avalia o ortopedista.
As células-tronco adultas mesenquimais, são naturalmente capazes de realizar reparo e regeneração de tecidos e os resultados da aplicação em pacientes são excelentes”, explica Daniel Ramallo, que acredita ser a medula óssea e o tecido adiposo ótimas fontes de células tronco adultas.“Elas podem ser coletadas, cultivadas, manipuladas e aplicadas em pacientes para diferentes fins. As células mesenquimais, podem reparar músculos, tendões, cartilagem, osso, sistema nervoso, entre outras possibilidades”, alega o médico, explicando que as células-tronco mesenquimais têm a capacidade de se diferenciar de acordo com o ambiente tecidual em que são aplicadas. “Isso já foi comprovado e nos deixa tranquilos e seguros para avançarmos ainda mais com as terapias celulares”, diz, lembrando que no Brasil já foram realizados tratamentos celulares em diversos casos como em pacientes que sofriam de necrose da cabeça do fêmur, falha de reparo de fratura de osso, e também em reparo de cartilagem.
Segundo Daniel Ramallo, os estudos apresentaram resultados muito positivos, principalmente quando comparados às terapias ortopédicas convencionais. “Em vários países, tratamentos com o uso das células-tronco adultas já estão sendo realizados com sucesso. No Brasil, as terapias celulares na ortopedia também já estão em franca expansão e o que pouca gente sabe é que possuímos um laboratório brasileiro autorizado pela Anvisa a manipular essas células para uso humano, portanto já estamos vivenciando esta realidade”, conta Ramallo.
Cerca de 100 mil casos já foram publicados e apresentados pela Literatura Científica, sem nenhum evento adverso grave relatado. “A aplicabilidade da terapia celular cresceu, nos últimos quatro anos, mais que em todo milênio e nos próximos anos as possibilidades serão infinitas. Tais fatos são bons indícios de segurança do seu uso para diferentes casos, como na ortopedia” conta Ramallo, esclarecendo que a grande vantagem é que os tratamentos realizados a partir da própria célula podem trazer resultados mais rápidos e positivos do que as terapias convencionais. “As células-tronco adultas têm a capacidade de se diferenciar de forma controlada em diferentes tipos celulares como osso, músculo, vaso sanguíneo, cartilagem, fibroblastos e tecido, promovendo reparo e regeneração da área na qual é aplicada” explica.
Para se obter as células-tronco mesenquimais, o procedimento é simples. Elas podem ser retiradas em qualquer momento da vida do paciente, a partir de qualquer tecido vascularizado. Uma pequena amostra (biópsia) de pele ou de gordura é suficiente para a obtenção de um número muito relevante de células-tronco adultas.
No Brasil, apenas o laboratório Excellion, localizado no Rio de Janeiro, é autorizado pela Anvisa a oferecer à população a guarda de células-tronco adultas para utilização médica futura – a chamada criopreservação. “A guarda e preservação das células-tronco adultas podem ser feitas por qualquer pessoa em qualquer idade, mas, quanto mais cedo, maior seu potencial de multiplicação. Isso porque elas mantêm as características da idade em que foram retiradas – fator importante para a eficácia do tratamento desejado” diz Daniel Ramallo, enfatizando que independente da idade, a criopreservação é sempre indicada, pois com o trabalho laboratorial é possível o recrutamento de um número significativo de células que podem ser aplicados pelo médico na regeneração de áreas por ele escolhidas.
FONTE: JORNAL DO BRASIL
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